10 questões éticas envolvendo inteligência artificial (parte 1)

No início de 2021 a renomada desenvolvedora de softwares Serokell, sediada em Tallinn, Estónia, perguntou para alguns especialistas em Inteligência Artificial o que os mantinha acordados a noite em relação ao produto do seu trabalho, quais eram os seus temores em relação ao fruto das suas pesquisas.

As respostas puderam ser resumidas em 10 pontos principais.

Neste pequeno texto trago as 3 primeiras discussões, as próximas virão num futuro próximo

E se as máquinas tomarem o lugar dos homens no espaço de trabalho?

Os pesquisadores preocupam-se com o fato de que as máquinas estão fazendo cada vez mais trabalhos técnicos humanos, e estão fazendo melhor.

Máquinas não descansam, tem curva de aprendizado ilimitado, não tem preconceitos e idiossincrasias. Não é necessário lidar com humores ou manter certas delicadezas.

Além disso são facilmente substituíveis e, com certa manutenção, podem durar muito mais que o tempo de vida útil de um trabalhador.

O questionamento é? quando as máquinas fizerem todo o trabalho, o que sobrará para os humanos.

Pessoalmente, não acredito que esse seja um problema, a história da economia e da tecnologia sempre foi marcada por isso, máquinas mais eficientes tomando o lugar de homens em processos manuais enfadonhos e desgastantes. 

O mercado é dinâmico, as máquinas sempre tomaram espaços e os homens sempre conseguiram se realocar em novos espaços de trabalho que foram criados, na maioria esmagadora das vezes, melhores que os que detinham anteriormente

Esse processo permitiu a multiplicação da riqueza e o florescimento humano em outros sentidos. Além disso, mesmo que uma IA possa se parecer muito com um ser humano, por uma questão lógica e filosófica, ela não possui senciência. Uma máquina pode aprender a interpretar e repetir emoções humanas, ao ponto de reproduzir trabalhos que nasçam delas, mas não poderá produzir o novo.

O único problema é real, ao meu ver, é: Caso esse avanço aconteça rápido demais e não exista tempo hábil para a adaptação do mercado, como lidar com uma massa de desempregados?

Quem é o responsável pelos erros de uma IA?

Quando um software, tal como conhecemos hoje, comete um equívoco é muito fácil encontrar o responsável e tomar as devidas medidas. É só procurar pelo nome dos desenvolvedores.

Afinal de contas, softwares comuns são programados pra fazer alguma coisa específica, interpretar e repetir seus códigos de programação automaticamente ou mediante algum comando.

Eles não farão nada mais, nada menos que seus desenvolvedores determinarem.

Mas uma IA é dinâmica, ela expande sozinha seus próprios códigos e, a partir do momento que tem contato com a Rede e sua imensidão de informações, vai buscar pelas melhores maneiras de se proteger, se replicar e se melhorar. Aprendendo novas técnicas e procedimentos, que nada tem a ver com a sua programação original.

Posto isso, imagine que uma IA, que já se expandiu o suficiente para não se parecer em nada com sua programação original, cometer algo obsceno, atroz.

Será possível culpabilizar seu criador?

Como distribuir a nova riqueza?

Como comentado no ponto 1, a história da economia e da tecnologia aponta para o fato de que máquinas tomam o lugar de homens por terem a capacidade de fazer o mesmo trabalho de uma forma melhor e mais barata.

Isso tem muitas consequências e, uma das mais óbvias é, mais riqueza acumulada.

Já existe uma certa discussão no mundo da informática se é correto que os desenvolvedores de determinados programas (como os que conhecemos hoje) mantenham permanentemente o direito de receber toda a riqueza financeira gerada por sua criação, uma vez que é da natureza da informática que softwares sejam melhorados, aprimorados e popularizados por meio de intervenções e modificações propostas e executadas pela comunidade de usuários.

Esse tipo de discussão fez nascer os softwares open source free, ainda no início da era digital.

A discussão se torna ainda mais profunda quando falamos de inteligência artificial. Lembre-se que uma IA pode se conectar na rede e absorver informações de todos os lados para se aprimorar, melhorar seus processos e fazer melhor seu trabalho, gerando, dessa forma, mais resultado econômico.

Dessa forma ela estará em contato com um gigantesco número de informações, das quais fará uso, que não foram nem criadas, nem organizadas, nem descobertas por seu criador, mas por terceiros que estão tendo o fruto do seu trabalho utilizado para melhorar o desempenho desta IA.

É justo que o criador mantenha todo o resultado econômico resultante, sem nada dever aos produtores dos conteúdos utilizados no aprimoramento da IA?

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