Mesmo que não pensemos nisso, vivemos em uma busca. Podem ser pequenas coisas, como alcançar um objetivo no dia, ou propósitos mais longos, como planos de vida. Para alguns, as reflexões sobre o sentindo da vida são mais constantes e profundas, para outros, fica implícita no cotidiano e no viver, um dia após o outro. No entanto, com algumas exceções (como pessoas com distúrbios, por exemplo) todos buscam para si o bem e a felicidade.
Não obstante, a felicidade por si só é um construto muito amplo. E se não há consenso na sua conceituação, mais difícil ainda é definir como alcançá-la. Não tem fórmulas mágicas ou “receita de bolo”. Tem gente que nunca chega lá e tem quem chegue e não sabe explicar como. E, na minha opinião, pior ainda é viver buscando a felicidade em algumas coisas para descobrir depois de alguns anos que foi tudo em vão. Então, o que fazer para nos guiar nesta busca?
Com base nestas reflexões, gostaria de compartilhar o trecho de um livro:
“[…], tendo em vista que todo conhecimento e toda busca visam a algum bem, […]. Há um acordo verbal entre quase todos: tanto o vulgo como os homens cultos afirmam que esse bem é a felicidade, e identificam o bem viver e o bem agir com o ser feliz. Mas diferem no que diz respeito à definição da felicidade; o vulgo não lhe dá o mesmo sentido que lhe dão os sábios. Os primeiros pensam que a felicidade é algo simples e óbvio, como o prazer, a riqueza ou a honra; porém, diferem um do outro, e muitas vezes um mesmo homem a identifica com coisas diferentes: com a saúde quando está doente, com a riqueza quando é pobre. Contudo, cônscios de sua ignorância, admiram aqueles que proclamam algum grande ideal que está acima de sua compreensão. Alguns pensam que, além desses muitos bens, há outro, autossubsistente e a causa da bondade dos demais. Examinar todas as opiniões que têm sido dadas sobre esse assunto talvez seja um tanto infrutífero; basta considerar aquelas que são as mais conhecidas ou aquelas que parecem mais aceitáveis.”
Esse trecho poderia se passar facilmente como parte de uma obra da atualidade, mas ele foi escrito a mais de 300 anos antes de Cristo. O excerto está na primeira parte do livro Ética a Nicômaco de Aristóteles, mas não poderia ser mais atual! Entre outros tópicos, Aristóteles fala sobre a Eudaimonia, traduzido algumas vezes como felicidade, mas que significa muito mais que isso. Hoje não pretendo aprofundar na sua obra, mas se quiser saber um pouco mais, pode conferir este post aqui!
E se quiser aprofundar mais ainda, fica a dica de leitura. O objetivo não é indicar o livro como uma fórmula da felicidade. Longe disso! No entanto, muitas vezes, o que precisamos é de uma mudança na perspectiva. Quem sabe, deixar um pouco a modernidade e recorrer aos clássicos pode ser uma forma de dar novos insights sobre a vida. Ou talvez, você descubra que estudar ética vai te fazer uma pessoa mais feliz e se junta ao AdmEthics! No mínimo, você terá lições valiosas sobre este e outros assuntos.
Referência
Aristóteles. Ética a Nicômaco (Clássicos da literatura mundial) (p. 9). Principis. Edição do Kindle
As visões e opiniões expressadas nos artigos são as dos autores e não refletem necessariamente a Política oficial ou posição do grupo AdmEthics