A frase segundo qual “Os mais velhos são os guardiões da moral, por que eles podem e devem ser portadores da verdade”, se constitui enquanto um indicador explicito da relevância que a oralidade e seus instrumentos de operacionalidade podem nos proporcionar. Neste intento partilharei três situações nos quais fiz contação de histórias e que o seu desdobramento nos ajudar a depreender alguns aprendizados que achamos ser pertinentes.
As três escolas que tive a oportunidade de compartilhar histórias e vivências foram as seguintes:
- EBM Júlio da Costa Neves
- EBM Osvaldo Galupo e NEI Morro do Horácio
- Creche Hassis
EBM Júlio da Costa Neves
A escola de educação básica Júlio da Costa Neves é uma instituição localizada no bairro Costeira, Florianópolis em Santa Catarina. Essa escola foi a primeira no qual fiz contação de história, para além de outras atividades nos quais me envolvi. A forma que procedi com os jovens do 7º, 8º e 9º, foi apresentada imagens que contrastavam com que era o senso comum deles sobre o continente Africano, primeiramente mostrei fotos de animais e lugares do interior de alguns países Africanos e perguntei para eles se essas imagens faziam alusão de qual lugar no mundo, e todos sem exceção responderam que era África, e depois expus para os mesmos imagens de cidades de países Africanos como: Angola, África do Sul, Moçambique, Egito e os mesmo responderam que era Estado Unidos da América, Brasil, Europa. Os mesmos não conseguiram associar as imagens de cidades aos de países Africanos.
EBM Osvaldo Galupo e NEI Morro do Horácio
Escola está situada no Morro do Horácio uma comunidade de Florianópolis em Santa Catarina. A minha atividade com os alunos desta escola foi muito especial, ao passo que o convite para eu participar foi-me endereçado pela Professora e bibliotecária da educação básica, a Sandra, a mesma preparou os alunos contando histórias do livro intitulado “Gira Mundo”, que basicamente narra a história de duais crianças que foram trocando cartas por correspondência, uma criança no Brasil e outra a partir de Angola. Quando cheguei na escola eu encarnei a criança que veio de Angola, foi um momento de muita nostalgia e poderia verificar isso nos olhares das crianças, muitas crianças escreveram cartas se apresentando para mim, depois fizemos outras atividades como danças Angolanas e histórias de respeitos para com os outros e idosos.
Creche Hassis
A creche Hassis fica situada na Av. Jorge Lacerda, na Costeira em Florianópolis em Santa Catarina, a mesma fica próxima da EBM Júlio da Costa Neves. A convite das estudantes de pedagogia da UDESC/FAED, Stella e Maria Laura, pude partilhar histórias diversas com criancinhas da creche. As atividades com elas demandaram mais cuidados e formas de atuação, afinal estamos falando de crianças dos 3 aos 6 anos. Foi uma experiência encantadora, brincamos no jardim e corremos bastante.
As três atividades me fizeram refletir bastante e mais do que isso, foi perceber que os espaços, os meios de transmissão e compartilhamentos de ideias e informações foram apreendidos por parte dos alunos. As atividades aconteceram em 2019, e ainda hoje as professoras, alunas de pedagogia, bibliotecária, continuam falando que as pessoas que foram sujeitos desta ação lembram de mim e pedem para que eu possa voltar para lá, e claro eu fico nostálgico para lá voltar e poder me deleitar com as criancinhas.
Está reflexão veio à tona, quando em conversa com o colega do grupo de pesquisa AdmEthics, Lucas Carneiro, sobre a sua tese, o mesmo enuncio uma frase que ficou mais ou menos deste modo “…. É importante encontrarmos outros espaços nos quais a ética e a moral sejam melhor exercidas e transmitida as pessoas, como espaços livres, espaços de exercícios físicos e não só…”. Esta frase em sentido mais amplo, nos ajuda a compreender que é importante fazermos uma deslocação de perspectiva de análise e aplicação na forma que determinados valores são passada e em que medida as mesmas influenciam a forma que nos entendemos o que seria agir de modo ético e moral em várias situações no nosso quotidiano.
Um outro ponto que concatena a este tem que ver que, neste caso nós estamos lidando com crianças e jovens e como tal é importante termos algumas precauções em como seria a forma mais adequado de minuciar estes padrões de comportamentos aceitáveis para e eles, e nos afastarmos de um olhar meramente utilitarista de um agir ético e moral.
A frase que diz “… viver em sociedade é aprender a saber lidar com os limites e excessos impostos pelos nossos ancestrais…”, neste sentido pensamos que a busca por maneiras nos quais podemos aplicar os instrumentos apreendidos e formas de melhor introjetarmos ela é um modo prudente de encararmos as coisas na vida, neste sentido talvez a Contação de História como espaço de fortalecimento do agir ético e moral seria um caminho a melhor ser explorado pela academia e não só.
Fotos: Meu Facebook e das Escolas