Pesquisadoras do Admethics Participam da 7th ISBEE World Congress em Bilbao, Espanha: International Society for Business Ethics and Economics 2022

Entre os dias 20 e 22 de julho de 2022 a cidade de Bilbao recebeu o Congresso International Society for Business Ethics and Economics (ISBEE-2022). Nesta sétima edição, aguardada desde meados de 2020, mas realizada somente em 2022, devido à pandemia do Covid-19, o tema geral da conferência foi “Reinventando a Globalização: Comunidade, Virtudes e o poder de Propósito”.

A Conferência abrange temas de estudo e discussão em quase 40 diferentes tracks (https://www.ehu.eus/en/web/isbee2022/tracks), dentre os quais podemos citar temas como Liderança ética, governança e responsabilidade social corporativa, trabalho com significado, stakeholder management e propósito organizacional, inteligência artificial em negócios, sustentabilidade e empreendedorismo social.

Nessa edição, participaram mais de 200 pesquisadores de várias nacionalidades, dentre os quais duas pesquisadoras do grupo de pesquisa Admethics, apresentando trabalhos no track Artificial Intelligence (AI) in business. A doutoranda Ana Luize Bertoncini apresentou o artigo “Ethical content in artificial intelligence: a demand explained by three critical points” e a doutora Maria Clara Ames apresentou o paper “Artificial intelligence in digital marketing: a virtue ethics discussion”.

Na abertura da conferência, o presidente da ISBEE, professor Thomas Maak, falou sobre “Radical hope and cosmopolitan futures”. Explicou que uma esperança radical requer imaginação moral para pensar num futuro melhor, considerando os trágicos problemas que afetam o mundo hoje. Segundo o professor, o futuro melhor também demanda uma ética cosmopolita e de princípios éticos, legais e políticos para uma governança corresponsável entre nações.

No artigo de Ana Luize Bertoncini, em coautoria com Maurício Serafim, eles desenvolvem uma linha de argumentação em torno de como as mudanças trazidas pela inteligência artificial (IA) trouxeram novas formas de interação e florescimento para as pessoas. Após um breve quadro sobre porque devemos focar na ética da IA, os autores guiaram o debate por meio de três pontos críticos: a autonomia, a IA explicável (também conhecido como XAI) e o alinhamento de valores (ou VA na sigla em inglês). Esta discussão, no entanto, leva para uma reflexão sobre a redefinição da agência da inteligência artificial. A proposta é dar algum tipo de agência moral para as máquinas, mesmo que em um nível diferente dos seres humanos, para ser possível uma adaptação às mudanças que se consolidando na sociedade.

No estudo de Maria Clara Ames, Dilmar Ames, e Maurício Serafim, faz-se uma revisão da literatura e pesquisa documental sobre a ética no uso de AI no marketing digital. O objetivo de tal estudo é compreender em que medida a ética da inteligência artificial está sendo considerada por estudos e profissionais de marketing digital. Os resultados iniciais apontam para as principais preocupações éticas presentes no campo e as implicações para o ser humano considerando a perspectiva da ética das virtudes: privacidade de dados e vieses, opacidade dos sistemas e resultados dos mecanismos de busca, práticas black hat, os quais interferem nas relações de mercado e nas decisões e hábitos de consumidores (decisões por impulso, vício em hábitos de consumo e interação em mídias sociais).

Ao longo dos três dias de evento, renomados pesquisadores do campo apresentaram suas ideias e preocupações sobre o futuro do capitalismo e da globalização, a partir de seus backgrounds de estudo:

  • Dani Rodrik, cientista político da Universidade de Harvard (https://www.ehu.eus/en/web/isbee2022/speaker-dani-rodrik), apresentou sobre uma Reinvenção da Globalização, no painel composto Georges Enderle (University of Notre Dame), Peter Obio (Gulu University), Florian Wettstein (University of St. Gallen) e Thomas Maak (University of Melbourne);
  • Axel Honneth (Columbia University/ University of Frankfurt) (https://www.ehu.eus/en/web/isbee2022/speaker-axel-honneth) discursou sobre Condições de Trabalho, Democracia e o Futuro da Globalização e respondeu às arguições dos painelistas Craig Smith (INSEAD), Christopher Michaelson (University of St. Thomas) e Thomas Maak (University of Melbourne);
  • Ann Rosenberg debateu “O Papel futuro das Mulheres” no painel reflexivo composto também pelas professoras Joanne Ciulla (Rutgers University), Daryl Koehn (DePaul University) e Jennifer Griffin (Loyola University) (https://www.ehu.eus/en/web/isbee2022/speaker-ann-rosenberg);
  • Edward Freeman partilhou de sua experiência sobre o papel das organizações e stakeholders, falando sobre “Toward A Global Stakeholder Economy”, no painel formado também por Brad Agle (Brigham Young University), Jacob Rendtorff (University of Roskilde) e Leire San Jose (University of the Basque Country) (https://www.ehu.eus/en/web/isbee2022/speaker-edward-freeman).

A experiência das pesquisadoras do Admethics nessa comunidade de pesquisa permitiu a disseminação de tais pesquisas sobre a ética na inteligência artificial para uma comunidade de acadêmicos e practitioners internacionais. Ao mesmo tempo que percebemos pontos a evoluir, reconhecemos peculiaridades do nosso contexto que tornam essa questão singular em nossa realidade. Essa primeira participação de pesquisadores da UDESC/ESAG em um evento internacional em business ethics pode contribuir para futuros estudantes e pesquisadores que desejem se inserir em debates sobre os temas de ética em administração e economia e oferecer uma contribuição promissora em termos das redes de pesquisas internacionais que se fortalecem.

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