A ideia de hoje é uma reflexão sobre o livre-arbítrio e a ação boa. Embora não discorra sobre a moralidade, ela está subentendida na ação boa proporcionada pelo livre-arbítrio, vontade e razão.
O livre-arbítrio é um tema recorrente tanto na filosofia como no dia a dia das pessoas. O seu conceito se refere à liberdade de ação. Embora existam teorias que defendam a não existência do livre-arbítrio, como é o caso do determinismo, muito utilizado pela ciência natural, é mais comum se pensar que agimos livremente.
Partindo-se do pressuposto de que o livre-arbítrio significa simplesmente a liberdade de escolher, ou de agir, entende-se que não entra no mérito do livre-arbítrio definir se a ação será boa ou ruim, justa ou injusta. Por ser livre, esse agir pode ser tanto para o bem, como para o mal; não há seguridade de que a ação será boa exclusivamente pela existência da liberdade de escolhas. Há outros fatores que permitem escolher entre o bem ou o mal, certo ou errado, justo ou injusto.
Embora não determine, esse livre agir é o primeiro momento, ou o primeiro passo, para a possibilidade de se realizar de uma boa ação.
O que motiva pela escolha em agir bem? Alguns autores indicam que para agir bem é necessário ter vontade e reta intenção. Porém, a vontade também permite agir para o bem ou para o mal, de acordo com o desejo da pessoa. Por este motivo, a vontade terá que ser intencional para o bem.
Bernardo de Claraval – ou São Bernardo de Claraval, se preferir – diz que a vontade é o movimento da razão, e esta comanda os sentidos e apetites. Ele separou a palavra livre-arbítrio para lhe conferir um significado mais evidente: “livre” como vontade e o “arbítrio” como razão, o que realmente parece fazer sentido. Se a vontade for ruim, e o arbítrio estiver condicionado às atitudes ruins, certamente a ação será ruim. A bussola moral terá que estar bem calibrada para manter a reta intenção. Ao mesmo tempo, a vontade terá que estar desconectada da necessidade, pois a necessidade pode instigar uma ação injusta ou má, dependendo da natureza da necessidade.
Como visto, o livre-arbítrio se faz necessário a execução de ações boas, mas não define a sua bondade. O que a define é uma junção de vontade, razão e bussola moral, ou reta intenção.