Ensaio para uma compreensão da essência do amor humano 

Esta apresentação tem como objetivo explorar o papel da ética na busca pelo amor. Dentro desse contexto, de acordo com Lima (2017), o amor está intrinsicamente ligado à vontade humana. Para o autor, a vontade humana é influenciada pela ação e é quando esta é direcionada para a busca da verdadeira sabedoria, que o amor pode ser plenamente realizado. Pois, para Silva e Figueiredo (2021), não podemos amar o desconhecido.

Conforme argumenta, Silva e Figueiredo (2021), é através da forma como se relaciona o amor e a vontade – derivados do desejo humano, a vontade é o primeiro ponto necessário para realização de alguma ação. O amor é descrito como uma força unificadora, que une o objeto amado ao próprio amor em um movimento recíproco. Portanto, cabe questionarmos, o que é o amor senão uma força que unifica dois seres? Além disso, essa força unificadora é tão intensa que transcende as fronteiras entre os indivíduos, transformando-os em uma unidade.

Assim, segundo Silva e Figueiredo (2021), para entender a relação do amor, a vontade é fundamental para a sua compreensão, pois o amor como uma fonte animadora da alma motiva e direciona a vontade humana para a ação. Portanto, precedida por um impulso, essa vontade bem-intencionada ou não, tem origem no amor construído pelo homem. Nesse sentido, é essencial entendermos que a liberdade de escolha foi concedida por Deus aos seres humanos para que pudéssemos utilizá-la para encontrar o caminho da felicidade, conceito denominado pelos gregos de Eudaimonia.

É importante ressaltar que, para Lima (2017), o amor ao próximo surge com um imperativo moral. Nesse ínterim, a ação é precedida por uma direção, pois a nada amamos, senão impulsionados pelo desejo de conhecer mais sobre o objeto de desejo. Conforme Hooks (2021), essa vontade não exige do indivíduo a prática de uma religião para reconhecer em si o princípio que anima o eu – uma força vital que, quando ativada, intensifica nossa capacidade de autorrealização e nos torna mais propensos à comunhão. Dessa forma, podemos definir o amor como uma ação, como um interesse genuíno em contribuir com o desenvolvimento espiritual próprio ou de outra pessoa.

Em seu livro, Hooks (2021), esclarece que o amor deve ser aprendido, pois, diferentemente do que se pensa, não é inato à natureza humana. Assim sendo, segundo o senso comum, o amor e o modo como as crianças demonstram esse amor nos primeiros anos de vida, retrata uma afeição, uma reação ao carinho recebido; mas será que podemos interpretar assim? Enfatiza Hooks, não nascemos sabendo amar alguém, que seja nós mesmo ou outro alguém. E, sugere, aprender a amar dependerá se fomos criados em um ambiente amoroso. Amor pode ser além de uma demonstração de fragilidade, significa uma potência, que demonstra uma fortaleza interior. Sendo assim, não é visto como um sentimento isolado, mas sim como uma ética de vida; anuncia a possibilidade de rompermos ciclos de perpetuação de violência. Assim sendo, podemos abraçar a política do amor não como uma utopia inalcançável, mas como um imperativo moral que tem o poder de transformar as relações sociais e contribuir para a construção de uma sociedade mais digna e igualitária.

REFERÊNCIA

HOOKS, Bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. São Paulo: Elefante, 2021. Tradução Stephanie Borges.

LIMA, João Paulo Araújo Pimentel. A ética do amor em Santo Agostinho. 2017. 91 f. Tese (Doutorado) – Curso de Filosofia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2017.SILVA, Francisco Romário de Queiroz; FIGUEIREDO, Francisco Clébio. A noção de amor e suas implicações no pensamento Agostiniano. Problemata, [S.L.], v. 12, p. 31-55, jun. 2021. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/problemata/article/view/57353/34035. Acesso em: 16 fev. 2024.

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