Recentemente circulou na internet uma imagem do Papa Francisco usando uma volumosa jaqueta branca, no estilo de alguma celebridade em um evento de Hollywood, e embora pareça apenas mais um “meme” gerado a partir de Inteligência Artificial, fez-me pensar sobre o nebuloso caminho em que estamos entrando na internet, onde o discernimento do que é verdadeiro e do que é falso está cada vez mais distante dos olhos, e próximo do coração, mas ao olhar, contamina-se o coração; como bem disse o título da matéria do CG: “The Pope Francis Puffer Photo Was Real in Our Hearts”. Como, então, utilizar um dispositivo onde os vídeos, imagens, pessoas com quem você fala por chat ou mensagem de voz podem ter sido gerados por IA e estão progressivamente mais indiscerníveis de pessoas que realmente existem?
Se hoje, massivamente, todos forem bombardeados por vídeos – em sites de notícias e aplicativos de conversa – de uma invasão alienígena em algum lugar do mundo, de um ataque de bomba nuclear, de pessoas fazendo sinais milagrosos; como posso acreditar no que estarei vendo? Hoje, é absolutamente indiscernível. Mas então é para parar de usar os dispositivos e a internet? Hoje, é absolutamente impossível, a não ser que você prefira virar um pária ou monge estilita.
A outra alternativa para solucionar o problema sem abdicar dos benefícios científicos modernos seria aderindo digitalmente a algo parecido com seu documento de identidade governamental, assim, os usuários e os conteúdos por eles criados e publicados na internet podem ser rastreados a uma pessoa real, a partir dessa identidade digital, universal e mundial; que, é claro, só poderá ser criada globalmente, por alguma nova organização mundial que trará esta grande e aguardada solução, quando todos estiverem clamando por alguma instituição que os diga o que é e o que não é real.
Então me pergunto: o que seria pior? Dar controle total ao governo sobre quem sou e o que faço na internet; ou virar um pária que não pode ter conta no banco porque as instituições bancárias consideram como IA quem não tem a marca da identidade digital. Não sei. Só sei que estamos em um tempo que exige, cada vez mais, que descubramos quem somos e o que queremos como indivíduos, antes que esta geração nos imponha um caminho e identidade.