A desidentidade dos alunos do curso de administração pública pós-pandemia

A presente reflexão que faço deste breve artigo, surge em detrimento de um diálogo feito com uma das minhas maiores referências intelectuais e que por sinal também é cofundador do curso de Administração Pública na ESAG/UDESC, o Prof. Dr Francisco G. Heidemann.

Dentre os vários assuntos abordados com o professor Heidemann, o que mais me instigou a refletir foi o tema ligado a desidentidade dos alunos, ou por uma falta de orientação (da vida e academicamente) mais efetiva, ou pela dificuldade de se enxergarem profissionalmente trabalhando na área de formação como futuros gestores e gestoras públicas. Mas antes de descortinarmos as linhas mestras através do qual o diálogo se encaminhou, explicitaremos o que desidentidade é e quais a implicações que o mesmo acarreta no seu bojo.

Segundo a definição que consta no dicionário online de Português, o termo desidentidade provém do verbo principal desidentificar que expressa a ideia de deixar de possuir; fazer com que a identidade seja perdida, deixar de demonstrar identificação com alguma coisa (DICIO.COM.BR, 2022). De salientar que dependendo da área do conhecimento no qual se pretende debruçar a palavra desidentidade toma outros sentidos. Nesta senda falar, sobre desidentidade dos alunos, está ligado ao distanciamento em grande medida que os alunos têm ou possuem enquanto estão neste processo de formação e em como se vislumbrar trabalhando profissionalmente. Após escutar e refletir bastante no que o Prof. Heidemann disse, pensei então na possibilidade de duas explicações sobre este desencantamento por parte dos estudantes, isto porque também eu sou estudante, e como tal, tento entender a partir deste lugar no qual eu ocupo.

Duas possíveis explicação sobre este fenômeno são:

A pandemia do Covid-19

O fenômeno pandemia poderíamos colocar como um elemento central, na influência que teve e continua tendo em sentido mais amplo na maneira como se constituem as relações e como são estabelecidas entre o estado e a sociedade. O mesmo teve impactos profundos no modo como os seres humanos lidam e entendem os problemas de variadas naturezas, tais quais: pessoais, profissionais, etc. No que tange a formação, de modo geral, observamos mudanças paradigmáticas (Aulas online, usos de recursos didáticos foram ampliados como reuniões nos: teams,  zoom e moodle etc). A pandemia, por um lado, mudou a percepção de como as pessoas enxergam o mundo, e por outro, desencadeou uma serie de imobilismos, como ficar em casa, trabalho remoto, mudar bruscamente a rotina de vida. Coisas que antes nunca tínhamos vivenciados de forma mais efetiva passaram a ser quotidianos.

Os desafios enfrentados pelos serviços públicos

Com a ascensão de um governo com orientação ideológica mais à direita, e com formas de atuação própria, isso implica na deslocação do centro das prioridades governamentais. Se outra hora as prioridades se centrava mais em ações voltadas para o social, neste atual governo, embora o social também faça parte no horizonte de governação, o econômico ganha maiores destaque de maneira geral. Desta maneira os discursos de enxugar a máquina pública e torna-la mais eficiente e eficaz, estão nos debates dos governos estaduais e federais, a título de exemplo as reformas administrativas feitas em alguns estados como no Estado de Santa Catarina. Do ponto de vista dos futuros profissionais que têm o setor público como primordial para sua atuação, as coisas se tornam um pouco tanto incerto, na medida que novos rearranjos institucional e administrativa requerem novas habilidades e desafios mais premente e a formação em sentido mais imediato não proporciona isso, como diz José Salibi Neto, o censo de emergência da educação “pública”* é muito baixa, e como tal as inovações no setor público e na educação de maneira especifica não acompanha a rapidez como as mudanças acontecem.

Os dois pontos abordados, de alguma maneira tentam colocar em cheque como o desencantamento dos alunos em fazer o curso de administração pública e concatenando com a preocupação no tocante a empregabilidade são inquietações legitimas, e fruto deste pode ser a questão do não engajamento dos alunos e o envolvimento de maneira mais efetiva nas atividades acadêmicas. Parafraseando um dos princípios estatísticos que diz “… os riscos se calculam, mas, as incertezas não…”

Frase para Pensar

“…O engajamento que eu vislumbrava nos primeiros anos da criação do curso por parte dos alunos, hoje é um pouco mais difícil de observar isto…”

By Heidemann

Referências

Dicionário Online de Português – Dicio. Disponível em : https://www.dicio.com.br/desidentificar/. Acesso em 03/06/2022.

Entenda o conceito de gestão “Plataforma de negócio” | PrimoCast 131. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=UUtj5eUYzPA . Acesso em 06/06/2022

  • Grifo feito pelo autor
Back To Top