Survey Experiment: uma promissora abordagem metodológica

A survey experiment, a qual chamaremos aqui de experimento de pesquisa é uma abordagem metodológica muito promissora nas pesquisas científicas. Nesse artigo, que provavelmente será dividido em duas partes, quero resumir de forma bem objetiva que abordagem metodológica é essa e o porquê de sua importância na área de experimentos. Em um segundo momento, pretendo apresentar alguns exemplos concretos e as possibilidades no campo da ética, demonstrando como esta abordagem pode auxiliar o pesquisador em seus experimentos.

Segundo os pesquisadores Yanna Krupnikov e Blake Findley, o experimento de pesquisa está sub o guarda-chuva da pesquisa experimental assim como outras abordagens metodológicas.

O experimento de pesquisa incorpora aspectos básicos de uma “pesquisa comum” com intervenções experimentais que juntamente possibilitam aos pesquisadores tanto a generalizarem um levantamento quanto não perderem o controle de um experimento. Assim, combinam a pesquisa “survey” e a pesquisa experimental, tornando-se desta forma uma verdadeira aliada ao pesquisador.

A ideia geral é atribuir os respondentes a um grupo de controle e a um grupo de tratamento de forma aleatória, manipulando alguns aspectos do protocolo de pesquisa. Com isso, o que se busca é determinar se houve alguma variação do estímulo proposto no grupo de tratamento.

Para se ter uma ideia melhor, os pesquisadores Steven Nock e Thomas Guterbock descrevem que alguns experimentos de pesquisa familiares estudam variações na formulação das perguntas, na ordem das perguntas ou nas escalas de resposta. Os experimentos de pesquisa também podem envolver variação intencional nos métodos de amostragem, ferramentas de recrutamento, incentivos para participar, modos de coleta de dados, ações do entrevistador ou mesmo aspectos do contexto da pesquisa, incluindo local da entrevista ou características do entrevistador.

Note que inúmeros experimentos que usam questionários de pesquisa podem não ser experimentos de pesquisa. Podemos pensar em um questionário que mede as atitudes no trânsito de determinado grupo de intervenção e outro de controle. Em seguida, materiais educativos relacionados a diminuição de acidentes no trânsito são expostos ao grupo de intervenção de forma a diminuir as atitudes negativas no trânsito. Neste caso, o que ocorre é que a pesquisa é apenas uma ferramenta de medição e não de manipulação experimental.

O experimento de pesquisa pode ser dividido e usado de duas formas, a saber a pesquisa metodológica básica e a pesquisa substantiva. A pesquisa metodológica básica segundo Steven Nock e Thomas Guterbock é realizada para avançar teorias gerais sobre cognições ou comportamentos dos respondentes. Algumas pesquisas substantivas são aplicadas, por exemplo, em experimentos de levantamento sobre a melhor forma de redigir mensagens públicas para um grupo de defesa ou campanha política.

Diferentemente da abordagem mais comum de experimento que incluem medições de pré-teste e pós-teste, o experimento de pesquisa não inclui medição pré-teste. Além do mais, não necessita também de uma amostra grande baseada em probabilidade. Steven Nock e Thomas Guterbock descrevem que experimentos de pesquisa que usam melhores amostras serão mais generalizáveis, no entanto uma amostra por conveniência é totalmente viável.

Uma das técnicas mais comumente usadas no experimento de pesquisa é conhecida por vinhetas, ou mesmo vinhetas fatoriais quando manipuladas e analisadas com o método estatístico de análise fatorial. Neste caso, os sujeitos avaliam várias vinhetas, mas o conjunto de vinhetas diferem entre os sujeitos. Esses experimentos podem ser conduzidos tanto em laboratórios quanto em ambiente externo. Quando fazemos os experimentos em laboratórios os custos podem ser melhores, além de termos melhor controle. Entretanto, pesquisas de campo (ambientes externos) geram mais representatividade e realismo.

As possibilidades e motivações para se realizar pesquisa com esta abordagem metodológica é de fato promissora. As pesquisas mais substantivas se beneficiam muitíssimo com esta abordagem, além é claro do poder estatístico do uso de vinhetas e análise fatorial.

A ideia aqui, como mencionado no início do artigo era trazer algumas informações desta abordagem metodológica que tem sido muito usada e se mostrada promissora no campo da pesquisa. Espero em um segundo momento trazer exemplos práticos de pesquisas já realizadas e as possibilidades no campo da ética.

Referências:

NOCK, S. L.; GUTERBOCK, T. M.. “Survey experiments.” In Handbook of Survey Research, eds. Marsden, P. V., and Wright, J. D.. Emerald, UK, 837–64, 2010.78

KRUPNIKOV, Y.; FINDLEY, B. Survey Experiments: Managing the Methodological Costs and Benefits. Rae Atkeson, L. and Alvarez, RM (edt.): The Oxford Handbook of Polling and Survey Methods. Oxford University Press, 2016.

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