Por que devemos pensar em ética para a Inteligência Artificial

Martin (2018) conta a história de Rodríguez, condenado por assassinato em segundo grau por sua participação em um assalto à mão armada a uma concessionária de carros que deixou um funcionário morto. Ele tinha apenas dezesseis anos quando foi à prisão. Vinte e seis anos depois, ele foi considerado um modelo de reabilitação. Ficou em uma prisão de segurança máxima a fim de ter aulas na faculdade, treinou cães de serviço para veteranos feridos por quatro anos e outros onze anos foi voluntário em um programa para jovens. Seu sonho era ter um emprego e um lugar para ficar o no lado de fora. Em julho passado, o conselho de liberdade condicional o atingiu com uma negação. Poderia ter sido diferente, mas, explicou o conselho, um sistema de computador chamado COMPAS o classificou como “alto risco”.

O sistema COMPAS usa inteligência artificial para avaliar o risco de reincidência entre condenados. Como este programa, existem vários outros que avaliam riscos em hipotecas, fazem investimentos financeiros, avaliam probabilidade de recuperação em UTIs, fazem cirurgia, dão aulas, movimentam drones militares. Já parou para pensar que as propagandas de produtos, os filmes, as noticias que aparecem para você são definidas por inteligência artificial? Logo você pode estar andando em um carro que o motorista é um software ou ser operado por um robô. Algoritmos estão silenciosamente decidindo nossas vidas e ainda está só no começo.

Neste cenário, precisamos falar de ética para as máquinas. A primeira era das máquinas foi marcada pela substituição da força muscular humana e essa colaboração proporcionou a melhoria da qualidade de vida e a produção em maior escala, por um lado. Por outro, por exemplo, surgiram diversos problemas de sustentabilidade do meio ambiente. As máquinas eram instrumentos e a ética era voltada para pessoas usando as máquinas. Hoje estamos em uma segunda era das máquinas e a Inteligência Artificial está substituindo nossa força mental e, mesmo que ainda não possa ser considerada uma réplica total da inteligência humana, a tecnologia já está decidindo por nós. Precisamos, urgente, pensar em ética para as máquinas.

Referências

Brynjolfsson, E. & McAfee, A. (2016), The second machine age: Work, progress, and prosperity in a time of brilliant technologies. New York: W. W. Norton.

Martin, K. (2018). Ethical Implications and Accountability of Algorithms. Journal of Bussiness Ethics, 160, 835–850. doi:10.1007/s10551-018-3921-3.

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