Verdade, transcendência e lógica

É muito comum que pessoas não consigam concatenar as ideias mais simples. A lógica, como questão filosófica que é, nos ajuda a compreender as formas de pensamento e visa a determinação do que é e do que não é verdade. Para muitas pessoas a lógica é incompreensível, ou seja, não conseguem juntar questões elementares do dia a dia. Neste sentido, compreender o que de fato é verdadeiro torna-se tarefa dificílima para essas pessoas. Filósofos da mais alta estima acreditavam, bem como muitos dos contemporâneos ainda acreditam que há verdade além da capacidade humana, ou seja, por meio da transcendência. Entretanto, alguns filósofos introduziram algumas questões de forma a ofuscar a concepção que o homem tinha da realidade em certo momento da história. Guilherme de Ockham foi o que propôs a doutrina do nominalismo, que nega a existência real dos universais. Nesta concepção, os termos universais seriam então rebaixados a nomes que servem de base para a nossa própria conveniência. Aquilo que os filósofos clássicos acreditavam, estava agora sendo questionado se de fato há uma fonte de verdade superior e independente do homem, como citado por Richard M. Weaver. Weaver descreve que: “a negação de tudo quanto transcenda a experiência significa, inevitavelmente, a negação da verdade – embora possam existir caminhos que limitem isso. Com a negação da verdade objetiva, não há como escapar do relativismo do `homem, medida de todas as coisas´”. Desta forma, o homem sofre com um grande problema proposto por Weaver que é o fato de o homem, caso esteja alinhado agora por suas próprias concepções de verdades limitadas aos seus sentidos, de um problema ao qual ele chama de constitucional, ou seja, tudo aquilo que o homem acredita se dá pelas suas próprias ignorâncias dado a sua racionalidade e limitação. Nas concepções cristãs, por exemplo, esta transcendência proposta pelos filósofos clássicos se dá em Deus ou mais precisamente em Jesus Cristo. Assim, há verdade além da capacidade humana, uma capacidade superior e que obviamente vem desta transcendência. Dado essa negação da transcendência e posicionamento a favor agora do nominalismo, bem como ao racionalismo, o homem se volta para si mesmo. Neste sentido, o homem julga baseado por métodos de interpretações e dados fornecidos pelos seus sentidos. Com esta ideia o homem se torna extremamente limitado e vulnerável aos seus sentidos. Essas questões foram extremamente disseminadas por nomes como Hobbes e Locke e os nacionalistas do século XVIII, assim, o homem só precisa raciocinar a partir das evidências fornecidas pela natureza. Weaver descreve que: “essa é a base racional da ciência moderna, cuja sistematização dos fenômenos é um meio para o domínio, como declarou Bacon em Nova Atlântida.”. Veja, compreender as questões lógicas fundamentais e reconhecer a verdade além do pressuposto humano é imprescindível para os dias atuais. Vivemos em um ambiente em que nossos desejos mais ferozes estão sendo reconhecidos e validados como “normais”.  Atuamos hoje, na modernidade, como seres propensos aos nossos sentidos, ou seja, a verdade não é mais essencial, mas ela é agora subserviente aos nossos próprios instintos, ao nosso bel-prazer ou como descrito por Weaver sobre racionalismo que olha apenas para a natureza como resposta a tudo, esquecendo da transcendência em que há verdade além da capacidade humana. Nosso objetivo deve ser o de reconhecer que somos limitados e buscar a verdade acima de todas as coisas. Reconhecer nossas limitações e buscar a verdade nos ajuda a agirmos logicamente em nosso dia a dia e a não cair nas falácias mais “humanas” que possam existir. Cair no nominalismo e no consequente racionalismo é negar a verdade e fazer de si mesmo o seu próprio deus. O humanismo é a religião do seu próprio umbigo. No evangelho de João no capítulo 8 e versículo 32 diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Reconhecer e buscar a verdade é um caminho inteligente e lógico para uma vida boa.

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