A virtude da confiança e o grupo Admethics: perspectivas dos estudos em andamento.

A confiança é a base das relações sociais existentes em todos os níveis e sem ela, não é possível existir coesão social (Sélles, 2020). O comportamento ético dentro de um grupo depende das relações de confiança existentes (Colquitt et al., 2007; Hardin, 2002; Mayer et al., 1995).

Confiança em geral é um conceito multidisciplinar com uma ampla variedade de definições. Rousseau et al. (1998) definem confiança como um estado psicológico que compreende a intenção de aceitar a vulnerabilidade com base em expectativas positivas das intenções ou comportamento do outro. Para Mayer et al. (1995), confiança pode ser definida como a vontade de uma parte de ser vulnerável diante das ações do outro com base na expectativa de que ele executará determinada ação, independente da capacidade de monitorar ou controlá-lo.

Além disso, há diferentes perspectivas e abordagens filosóficas acerca dessa virtude. Nesse caso, a maioria trata da confiança interpessoal, mas existem pesquisas que abordam a confiança em grupos (Hawley, 2017), a confiança nas instituições (Potter, 2002; Townley & Garfield, 2013), a confiança no governo (Budnik, 2018), a auto-confiança (Govier, 1993; Potter, 2013) e a confiança em robôs – que também compreende também a Inteligência artificial (IA) (Coeckelberg, 2012; Sullins, 2020).

Dentre as perspectivas supracitadas, o Admethics está pesquisando sobre a confiança governamental e a confiança na Inteligência artificial. O doutorando Geovane Teixeira Manoel está desenvolvendo a tese com base na confiança governamental e a doutoranda Elize Jacinto Matos está pesquisando a confiança relacionada a IA. 

 Ao direcionarmos para o contexto da confiança governamental, pretende-se compreender como a transparência da gestão pública municipal influencia na confiabilidade percebida dos usuários. No que se refere à virtude da confiança e a IA, objetiva-se compreender como ocorre a confiança para com a Inteligência Artificial na Polícia Militar por meio do uso de câmeras de reconhecimento facial.

Vale ressaltar, que os estudos mencionados estão na fase inicial e pretende-se avançar no desenvolvimento da pesquisa no decorrer do próximo ano. Observa-se que o campo possibilita o desenvolvimento de outros estudos com novas perspectivas sobre a virtude da confiança.

Por fim, para saber mais sobre a temática da Elize Jacinto Matos basta acessar nosso post anterior (“Inteligência artificial e Confiança”, publicado em 27 de outubro de 2022) e acompanhe as próximas publicações que traremos mais informações, também, sobre a relação da confiança governamental e a transparência pública.

Referências 

Budnik, Christian, 2018, “Trust, Reliance, and Democracy”, International Journal of Philosophical Studies, 26(2): 221–239. doi:10.1080/09672559.2018.1450082

Coeckelbergh, Mark, 2012, “Can We Trust Robots?”, Ethics and Information Technology, 14(1): 53–60. doi:10.1007/s10676-011-9279-1

Colquitt, J. A., Scott, B. A., & LePine, J. A. (2007). Trust, trustworthiness, and trust propensity: A meta-analytic test of their unique relationships with risk taking and job performance. Journal of Applied Psychology, 92(4), 909–927.

Govier 1993, “Self-Trust, Autonomy, and Self-Esteem”, Hypatia, 8(1): 99–120. doi:10.1111/j.1527-2001.1993.tb00630.x

Hardin, R. (2002). Trust and trustworthiness. Russell Sage Foundation.

Mayer, R. C., Davis, J. H., & Schoorman, D. F. (1995). An integrative model of organizational   trust. The Academy of Management Review, 20(3), 709–734. https://doi.org/10.2307/258792.

Potter, Nancy Nyquist, 2002, How Can I be Trusted? A Virtue Theory of Trustworthiness, Lanham, MD: Rowman & Littlefield.

‌ Rousseau, D. M., Sitkin, S. B., Burt, R. S., & Camerer, C. (1998). Not so different after all: A cross-discipline view of trust. Academy of management review, 23(3), 393-404. 

Sellés, J. F. (2020). 33 virtudes humanas según Leonardo Polo. Pamplona, EUNSA, 446 pp

Sullins, John P., 2020, “Trust in Robots”, in Simon 2020: 313–325.

Townley, Cynthia and Jay L. Garfield, 2013, “Public Trust”, in Trust: Analytic and Applied Perspectives, Pekka Makela and Cynthia Townley (eds), Amsterdam: Rodopi Press, pp. 95–107.

Back To Top